Como esta o lar de todos - a cidade e o nosso lar familiar - as edificações ?
Vinicius Ribeiro Blog 1795 views 3 min. de leituraO isolamento social e a restrição de atividades orientadas pelas autoridades em função do Coronavírus fizeram o lar de todos - a cidade, e o lar familiar - as edificações mudarem suas rotinas, funções e sentido na vida das pessoas.
Ambientes da casa definidos por projetos arquitetônicos como sala, cozinha, quarto, área de serviço passam a ter finalidades multiusos. As famílias descobriram inclusive, que a decoração cuidadosamente comprada, vista por alguns segundos por dia anteriormente, passaram não ter valor sendo vista horas por dia.
A pluralidade das coisas dentro de casa passou a ter novos significados.
A reflexão que me ocorre é a seguinte: foi o arquiteto que não projetou bem, ou foi o ambiente que não foi preparado para a convivência permanente ou a casa que escolhemos para morar não é verdadeiramente o nosso lar.
Percebemos que estando mais em casa o custo aumentou – por óbvio. As contas chegaram e a luz, água, internet e acessórios vieram mais caros. Não sabemos usar a água tratada adequadamente. Gastamos demais e nem percebemos; mais em quantidade do que no custo. Aumentou também a quantidade gerada de lixo e resíduos que produzimos. Estamos perdendo a oportunidade de conscientizar as famílias a melhorar seu compromisso com o meio ambiente acelerando o entendimento sobre isso. Aliás somente 5% do lixo no Brasil e cerca de 20% em Caxias do Sul – cidade onde resido - são reciclados. É baixíssimo!
No ambiente público, ficou provado que não estamos preparados para trabalhar prevenção e resiliência. Não falo somente da área da saúde. Precisamos nos reeducar.
Um destaque que faço é na reflexão sobre a mobilidade humana sustentável.
Já se deram conta que as vagas abertas nos hospitais estão “disponíveis” em função da redução dos acidentes de trânsito nas últimas semanas?
E também da redução de doenças ocasionadas pela poluição do ar, vista como Doenças Crônicas não Transmissíveis (DCNT). Dados extraoficiais divulgam que 60% dos leitos de UTI provem da poluição do ar e dos acidentes de trânsito. Ambos contabilizam cerca de 90 mil mortes ano no Brasil.
Estou sem carro e mudei meu comportamento no transito, mas sei que não fui o único. Se por um lado é verdade que passamos a nos virar andando menos de carro, mudando o nosso hábito, por outro lado, em tempos de pandemia, o transporte coletivo não passou a ser a melhor alternativa de locomoção. Tempo para nos reciclar e tempo suficiente para o transporte de massa se adequar.
Outro aspecto importante é relacionado a participação da comunidade.
Para mim está claro que a participação cidadã pelos meios digitais precisam ser avançados e oficializados. Se é verdade que é nesta área que a sociedade produz muita besteira e fakenews, é também verdade que há muito relacionamento e opinião verdadeira que servem para ser utilizada pelo poder público. Nesta época podíamos está discutindo e participando de referendos e plebiscitos sobre temas de importância local e nacional, podendo serem aproveitados por todos.
As empresas, os serviços e as relações de trabalho também estão aprendendo com este momento.
Muitos perceberam que a presença física pode ser dispensada e que há comunicação, trabalho e relações que podem ser compartilhadas pela vida virtual. Até nisso a vida da cidade gerará menos tráfego e mais qualidade de vida.
Para a história do urbanismo, as pandemias foram motivações para as sociedades repensarem os modelos de cidade e reverterem as vocações, as relações interpessoais e a tipologia de edificação ofertada. Londres, Barcelona foram grandes exemplos. Os espaços de convivência comunitária passaram a ter novos olhares tornando as cidades mais “higiênicas e funcionais” como diziam no século XVIII e XIX.